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terça-feira, 1 de dezembro de 2015

GERMINAÇÃO


O olho chora
o peito sua
liquefação

lágrima e suor
líquido abraço

o corpo enterrado
o poema germina

somente a semente

gotas em laço

plantação!


(Germinação, Paulo R. C. Guedes )

terça-feira, 24 de novembro de 2015

QUANTAS SANTAS?

Quantas
Marias passaram com dor
entre tantas
Marias sem andor
entre mantas
Marias não lindas
muitas tontas
sem berlindas
Quantas?

Quantas
Marias de Nazaré
nunca santas
entram na igreja da Sé?
Sempre uma se encanta
e descobre a fé
força que espanta
Maria idílica
como a réplica da Basílica.

Quantas?
Um círio delas
umas feias
outras belas
sobre saltos altos
entre avenidas e ruelas
sobre os asfaltos
romeiras, peregrinas,
quantas ainda crianças, meninas?

Quantas?
Serão abençoadas
entre muitas
mães atabalhoadas
por causas fortuitas
tantas atordoadas
poucas crentes
entre mangueiras e calçadas
em meio a tanta gente...

(Quantas santas?) Paulo R. C. Guedes.



PERALTICE

Ainda trago na lembrança
Uma ou outra peraltice
Serei sempre uma criança 
Mesmo estando na velhice!

(Peraltice) Paulo R. C. Guedes.


FESTA E FARRA

Terminou a festa religiosa 
Começou a farra profana 
O romeiro cortou a corda
E encheu a cara de cana!

(Festa e farra) Paulo R. C. Guedes.
Fotografia: http://news.portalbraganca.com.br

SOB ESTRELAS E PIRILAMPOS

As palafitas têm pernas
encharcadas canelas
entre fezes de latrinas
pobres dignas favelas

As palafitas são lares
entupidos de gente
seculares lugares
milenares carentes

As palafitas resistem
aos governos e tempos
amanhã como ontem
sob estrelas e pirilampos!

(Sob estrelas e pirilampos, Paulo R. C. Guedes)
Fotografia do poeta Sandro Bar Bosa.


A cópula com a mosca

A foto está meio fosca
meu amigo, minha irmã, 
o mosco copulando a mosca
às nove horas da manhã! 
(Paulo R. C. Guedes)

terça-feira, 15 de setembro de 2015

SOMBRA VERDE

A sombra da mangueira é humana
assim como colo cheio de candura
que abriga todo aquele que ufana
véu abrigo cheio de tanta ternura.

Sombra que enche a cor cinza de verde
que amolece o corpo e induz ao sono
sombra lençol para se dormir na rede
e roncar sob o vento em tom uníssono.


(Sombra verde, de Paulo R. C. Guedes)

EPIDERME DO ASFALTO

Sobre a epiderme
do asfalto
um verme
um assalto
entre os poros
da granulometria
entre choros e coros
um resto da maestria
de um delicado salto alto!

(Epiderme do asfalto, Paulo R. C. Guedes)



O GRANDE SARAU

Começou o sarau
das figuras Semânticas e Sintáticas
que se mancaram e sentaram
bem na frente da Alegoria
confidenciava a Anagrama
que tinha visto a Ambiguidade
falar da Antífrase e da Antítese
foi aí que a Antonomásia
cutucou o Apóstrofe
dizendo que era Arcaísmo
essa Catacrese recheada de Comparação
não sei se por Disfemismo, Eufemismo ou Estrangeirismo,
a Gradação acalmou a Hipálage
talvez por influência da Hipérbole
começaram a fazer Ironia
a Metáfora poeta mais requintada
aproximou-se da Metonímia candidamente
e perguntou se o Neologismo
entendia a Metalepse
ele disse que a culpa era do Oximoro
que não sabia fazer Palíndromo
muito menos um Pangrama
aí surgiu um Paradoxo
pois a Perífrase cheia de Prosopopeia
usou todo o seu Sarcasmo
para ironizar a Sinédoque
tentando criar uma Sinestesia.
No meio do sarau a Aliteraçãou
utilizou uma Anáfora
que irritou o Anacoluto e a Analepse
isso gerou uma Assonância
que o Assíndeto julgou ser Barbarismo
e dissertou cheio de Circunlóquio
abordando o Clímax da Colisão Diácope
lógico que teve Eco
pois a Elipse e a Epístrofe
foram reclamar para a Epizêuxis
o exagero da repetição que criou um Hiato
filho do Hipérbato com a Paranomásia
que recitou um Pleonasmo com Polissíndeto
só sei dizer que no final a Tautologia
sem o menor Solecismo
encerrou o sarau com um Zeugma
e assim acabou com toda a Zoomorfização!


(O grande sarau, Paulo R. C. Guedes).

quarta-feira, 22 de julho de 2015

O poema no poente


Colares do céu


Olhar de poeta


Andaluz


Vaso ou coroa


Costureira


Poem[a]feto


quinta-feira, 18 de junho de 2015

Pupunhas e mumunhas

Pupunhas
fibras que me comem
com dentes e unhas
são cachos que somem
sem deixar testemunhas...

Propunhas
rebrotar teus frutos
preservar o palmito: impunhas
que esfomeados resolutos
desistam das peconhas...

Expunhas
essa insaciável gula
lua de mel com café te opunhas
ante a feliz união esdrúxula
cheia de mumunhas...

(Pupunhas e mumunhas) Paulo Guedes.
Fotografia de Bruno Pellerin.


terça-feira, 14 de abril de 2015

Soneto empoçado!

Cada poça é um espelho
do céu d'onde adveio
um retrato bem parelho
do dilúvio que permeio

Quem te vê, assim, parada,
não imagina raios e trovões
nem pingos caindo aos milhões
inesquecível chuvarada

Verbo aguado
Substantivo líquido
Amor encharcado

Verso fluído
Poema lânguido
Soneto empoçado!

(Soneto empoçado, Paulo R. C. Guedes)

quarta-feira, 25 de março de 2015

A noite é um Cupido


terça-feira, 17 de março de 2015

Na morada do Sol

Fotografia de Ana Paula Prado Pereira.

ANDALUZ


Fotografia: Marli Braga Dias,

quarta-feira, 4 de março de 2015

SINOS DE VENTOS E APÓSTROFES

Os sinos de ventos
declamam poesias,
lembranças de tempos,
tempestades e maresias.

Tilintam hologramas:
canções de ninar,
carícias de camas,
encantos de sonhar...

Rede de versos em chamas!

D’onde vens, para onde vás?
Lirismo à frente,
medos atrás.

Sinos de ventos
quantas estrofes?
sinais de tempos,
diálogos, apóstrofes...

(Sinos de ventos e apóstrofes, Paulo R. C. Guedes)

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

O POEMA DE OURO

tanto resíduo no mar
quanto fluído no ar
santo pensar

onde o orifício
esconde o vício
de voar

santa é a brisa
mantra que avisa
vai orar

terço invisível
verso sensível
a declamar

eis o tesouro
o poema de ouro
a pulsar!

O POEMA DE OURO, de Paulo R. Guedes.
Arte fotográfica surreal de Thomas Barbey.

ONDE ESTARÁ A SOMBRA DO MEU CANTO?

Minha sombra
não sente medo
vai na frente
do meu corpo

O sol ficou
longe, lá trás,
para onde vou
não volto mais

não importa a luz
no fim do túnel
essencial é o caminho

foi o que eu propus
por isso não vou sozinho

Será a sombra
a minha projeção?
Ou serei eu, filho do chão?

O que somos, então?

Serei eu... o escuro?
Serei melhor do que um muro?

Será tudo em vão?

E quando a sombra crescer?
E se meu corpo fenecer?
Onde todos estarão?

E quando anoitecer?
A sombra vai adormecer?
Outros sonhos virão?

Ah, o Sol voltará a brilhar...
meu corpo voltará a trilhar...
a sombra voltará a sonhar...

Se me agacho
a sombra não acho
se me levanto
a sombra é um espanto!

Onde estará a sombra do meu canto?

ONDE ESTARÁ A SOMBRA DO MEU CANTO? poema de Paulo R. C. Guedes.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Quarta-Feira de Cinzas
a chuva inda toca
tamborim no telhado

pingos de sutilezas
música multívoca
um poema molhado


TAMBORIM NO TELHADO, Paulo R. C. Guedes.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Lindas chamas vivas


sábado, 17 de janeiro de 2015

Bar do par que...


terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Verso em sax